terça-feira, 18 de outubro de 2016

A educação e a catequese na América Portuguesa: a ação dos jesuítas

A Companhia de Jesus foi uma das ordens religiosas de maior importância no período da colonização da América Portuguesa, desde sua chegada em 1549, até sua expulsão, em 1759. Os jesuítas só retornariam no século XIX.
Com que objetivo vieram os primeiros jesuítas para estas terras? A principal tarefa destes religiosos, em solo brasileiro, era a de catequizar os indígenas, e propagar a fé católica na América. Era importante para a Igreja Católica estar presente na América desde o início da colonização, para que recuperasse os fiéis que perdera com a Reforma, e para estabelecer seu poder no Novo Mundo.

Vamos ler o trecho a seguir, retirado da Carta de Pero Vaz de Caminha:

“Parece-me gente de tal inocência que (...) seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. (...) O melhor fruto que desta terra se pode tirar parece-me que será salvar esta gente.”



A “gente de tal inocência” a que Pero Vaz de Caminha se refere são os indígenas. A visão dos europeus em relação aos indígenas era de que estes eram como “folhas em branco”, que deveriam ser “preenchidas” com a fé católica.
A intenção de catequizar os indígenas fica clara nas palavras de D. João III, rei de Portugal, para o primeiro governador-geral da América Portuguesa, Tomé de Souza, que chegou em 1549 a estas terras:

“O principal motivo que me levou a colonizar o Brasil é converter os povos que lá vivem à nossa santa fé católica.”


A ação dos jesuítas na América Portuguesa

Os jesuítas chegaram à América Portuguesa junto com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza, em 1549. Eram seis religiosos, liderados pelo Padre Manuel da Nóbrega. Logo que chegou, Tomé de Souza fundou a cidade de Salvador, onde se localizaria a sede do Governo-Geral.
                Foi em Salvador que os primeiros jesuítas começaram a agir na colônia. Atuavam, a princípio, em pontos determinados do litoral brasileiro. Em Salvador se instalaram as primeiras “escolas de ler e escrever”, que eram um meio de catequizar os indígenas e de ensinar a eles e aos colonos mais pobres a ler, escrever e contar (matemática simples). É preciso estar atento ao fato de que aprender a ler, escrever e contar era importante para a própria realização da catequese.
Depois de se estabelecerem em Salvador, os jesuítas se dirigiram a São Vicente; assim, as capitanias da Bahia de Todos os Santos, e de São Vicente, foram os primeiros núcleos de ação da Companhia de Jesus na América Portuguesa.
                Para facilitar a catequese, os jesuítas aprenderam a língua dos indígenas, e criaram a Língua Geral, que era uma mistura da língua portuguesa com a língua tupi-guarani, e, ainda, algumas palavras do espanhol. Esta língua ficou sendo usada na comunicação entre os jesuítas e os indígenas, e acabou se tornando a mais falada na América Portuguesa.       
                Algum tempo após a criação destas escolas, começou a haver o aldeamento dos indígenas, que foram, assim, separados dos colonos pobres – com quem estudavam nas “escolas de ler e escrever”. Estes aldeamentos, chamados de “missões” ou "reduções", levaram os jesuítas para o interior da América Portuguesa, com o objetivo de transmitir para os indígenas os costumes europeus e a fé católica, atendendo, com isso, às necessidades da colonização. 
                Havia, além das “escolas de ler e escrever” e das missões, os colégios, em que estudavam os filhos da elite colonial, com o objetivo de mantê-los como classe dominante, e preparar os futuros missionários jesuítas. Nestes colégios, ensinava-se principalmente gramática, latim e Filosofia. 

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